Thursday, August 06, 2009

10 de Maio


É amor
Dentro de mim
Dentro, em mim,
Acordando
Da letargia milenar
Só para te ver sorrir
Sem ver
O que vejo
Tão de perto
Tão para mim, por mim,
Sem fim num minuto
A contento
Um mar aberto
De mar a mar
Desaguando em minha nascente
Inundando minhas margens
Deixando correr todo o marfim.

É amor,
Que me esvazia até o fim
Para me encher de mim
Que me provoca, me afronta,
Me deslumbra a cru
Para se fazer, e se faz,
Rei de mim.

Amo-te
A cada segundo
Em cada ângulo
E em qualquer mundo
Ao meu lado
Ao lado, meu,
O meu melhor lado é:
teu.

(Dimas Gomes)
Frenesi

Perpetuo com meus pés frios em terras cálidas
E delongo o meu destino com promessas vãs
Perambulando com o peito maçante e o rosto pálido
Da anemia crescente herdada de meus ancestrais

Ébrio do sangue que corre de teus pulsos firmes
Distorço meus olhos e desvirtuo meus princípios
Calo o teu silêncio com meu choro desgarrado
E sacio a minha fome com a tua carne fresca

Acaricio teu corpo quente com os dedos calejados
Tua pupila dilata ao menor dos meus toques
O frenesi que emana de tua saliva putrefata
Entorpece-me os sentidos por inteiro

Desperto, porém, da caricatura do pecado,
Condeno o veneno que bebera com error
Aos prantos secos, revelo meu auto-retrato:
O reflexo de Medusa em trajes de Pierrô.

(Dimas Gomes)