Monday, October 20, 2008

Alvorado


"Nem percebi o passar das horas até a alvorada incendiar o silêncio do meu quarto, invadindo a seda crua rubra empoeirada e refletindo-a em minha palidez. Minha face já desfigurada. Meu corpo inerte transpirava a agonia recente da noite em claro. Eu era todo vestido em panos sujos - mais limpos que eu mesmo, em meus mais gloriosos dias. Era oco e opaco, ser livre encarcerado. A infâmia acompanhava-me, zelosa e guiante, incessante. Diante dos meus olhos, um espelho estilhaçado, e cada um de seus fragmentos espelhava um fracasso meu diferente, os quais eu nunca conquistei..."

(Dimas Gomes)

Wednesday, October 15, 2008

Baluarte

Minha arte é
Meu baluarte
Nela, sou
Intrépido
Vulnerável
Execrável, até
Exíguo e
Gigante ante
Mim
Mesmo
Sendo
Eu mesmo
Repetitivo
Repito (e vivo)
Na mira
Da ira
De mim
Mesmo
Assim,
Delongo o fim
À porfia
Do por fim e
À beira do
Fim
De mim.

(Dimas Gomes)