Rebuscando o rebuscado...

Sim, ambos sabemos. Sobreviverias, se impérvio. Celebrarias em poesia novas canções preferidas. Camuflarias a fábula inacabada com desertos de novidades. Criarias novas vozes, novas formas. O que não sabes é que estes óculos quebrados, num deslize previsível, sangraram teus olhos, te cegaram por um instante. E agora, tu os mantém fechados por um receio vulgar, aceitável. A facilidade te seduz, o sofrimento te afasta, a ferida te previne, mas e teu coração? O que este te fala em silêncio, e guardas em mais oculto segredo? O que este deseja em desespero, e recusas em tal convencional sobriedade? Que canção canta o teu coração? Deixa-os, deixa-lhe, deixa-me ouvir, pois coração não desafina, por mais alto que seja o tom. Pois coração não perde o ritmo, não arranha, não repete versos desnecessariamente. Teu coração, eu sei, não sabe que horas são. Não sabe a que horas o dia se despede, não sabe do clima, da estação. Teu coração não precisa saber. Não precisa saber se o sol virá ou não. Teu coração pede calmaria, mas pede aventuras. Teu coração não mente, meu amor. Não mente.
(Dimas Gomes)
6 Comments:
Djimasss...
Foi o teu post mais tocante que já li. Me parece, ouso dizer, o mais revelador (ou seria o menos camuflado? hihihi)
Extremamente sensível, delicado, verdadeiro.
Adorei.
Parábens.
Isso.
Coração, jamais mente!
"O que este te fala em silêncio, e guardas em mais oculto segredo? O que este deseja em desespero, e recusas em tal convencional sobriedade? Que canção canta o teu coração?"
clap clap clap pro texto todo. Muito bom, muito bem escrito, profundo. :)
Pôxa Dimãos, você tem um dom com as palavras. :)
Abração do vinão.
É, meu querido, o coração não mente, mas ele entra em labirintos sempre. Encontros e desencontros com a razão que resultam confusões(Leia-se "complicações". Parece que vivemos com estes óculos quebrados que nos cegam mesmo.
Teu blog é legal, deixa ele sempre vivo! rsrsrs
Beijos
Esse texto é paradoxalmente leve e denso.
Perfeito.
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