Saturday, April 21, 2007

Um Último Desafogo


Um último desafogo. Tudo que peço, imploro, suplico, ordeno. Assim soluçava o rapaz. Assim, com areia em uma das mãos, e na outra, um verso. Aflito, confessava. Um último grito, um último ataque de psicodelísmo. Tem de bons olhos, não ignore este plosão. Aparentava comentar consigo próprio, e suas lágrimas pareciam atentas às suas palavras. Estou fatigado dessa terra, desses pesares. Atormentado, agoniado, inquieto, angustiado. Aflogístico. Enraivecido, aparentava, enquanto cerrava a areia na palma de sua mão. Sua pele tintada de uma cor nunca vista. Acanhado, não suporto o peso meu. Não suporto as dúvidas minhas. E esta idéia, ensurdecedora, obrigo-me à detalhar, de partir, favorece-me às minhas defesas. Naquele momento, já não sabia diferir o eu do seu. Tudo lhe fluía tão coincidente. Assombrava-lhe o juízo de se submeter ao fim do eu. Tomou ar, e rendeu-se aos olhos seus, afoitos por abrir-se. Afinal, que arma seria mais letal que a ausência de outra? Que mágoa me doeria mais que a conformação de minha camuflada dormência? Que pensava o rapaz? Exuberava o eu a ponto de lhe seguir os conselhos impensados? A areia lhe fizera sangrar, e não percebera. Não havia quem percebesse. E então, gritou. Ah! Mas sois água apodrecida ainda que transparente, e transpiras o mal cheiro de um abutre entristecido. Olha-te, olha-te e mantêm os olhos teus abertos. Naquele momento, o escuro, o fim provisório. Minutos depois, a folha logo reconhecida. Então, continuara. Olha-te! A nostalgia incompreendida lhe tentou, porém continuou. Olha-te, e ao olhar, sente o sangue ferver serrilhado em tuas mãos. Agora, sua outra mão também sangrava, e igualmente, não percebera. Este sangue não é teu, seu tolo! Nem por começo é sangue o que escorre entre teus dedos calejados. Que energúmeno tu és. Não vê? Viu as letras tremerem, e gritou ao seu ouvido, para acalmar-se, como de costume. As letras voltaram a seus lugares, e pareceram entrelaçarem-se de forma erótica. Medíocre! O que ainda fazes neste recinto abandonado? Buscas o quê, em meio a tanto nada? Como ousas? Sentiu-se ousado, e apreciou aquele sentimento emprestado. Por poucos segundos, sentiu um vento árido lhe confortar o frio. É piedade o que queres? Piedade destes demônios disfarçados? Tu mal sabes, pobre verme, que eis o mal do mundo: os que se traem pela comiseração dos ao seu redor, pois hoje, tu arrancas destes uma, duas lágrimas até, e amanhã, és a comicidade de tais dias.

(Dimas Gomes)

2 Comments:

Blogger Marina Figueiredo said...

ohh....ficou mt bom diiiiiiiiiii...

amei...comop qalquer texto que tu faz mrm....

bjussssssssssss

9:32 AM  
Blogger Unknown said...

Deito, leio e deleito.

Um brinde à emoção.

11:52 AM  

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